3 de jun. de 2010

Livro "Avatar: o Futuro do Cinema e a Ecologia das Imagens Digitais" (Erick Felinto & Ivana Bentes) Ed. Sulina 2010




A Editora Sulina

apresenta

AVATAR

O futuro do cinema e a ecologia das imagens digitais

autores: Erick Felinto e Ivana Bentes


O livro de Erick Felinto e Ivana Bentes analisa o o blockbuster de James Cameron a partir de diversos ângulos e olhares. Das questões ligadas ao cinema digital ao capitalismo cognitivo, "Avatar: o Futuro do Cinema e a Ecologia das Imagens Digitais" propõe uma leitura ampla do filme, calcada em referenciais teóricos tão diversos como a antropologia reversa de Eduardo Viveiros de Castro, as reflexões de Slavoj Zizek e o pensamento de Tom Gunning. Erick Felinto e Ivana Bentes dissecam o trabalho de Cameron, desvelando ali alguns dos paradoxos mais característicos da contemporaneidade (como a aliança entre capitalismo e espiritualismo). Além disso, especulam sobre os possíveis futuros do cinema em uma era marcada pelo contínuo anseio de evolução tecnológica e fascínio com os efeitos das imagens digitais.


Sobre a Coleção

Nasce a coleção Linkar. Nasceu através de comentários no Twitter, entre as pessoas que discutem temas variados e que lá postam. Neste primeiro livro, buscaram-se as que discutiam o filme do Cameron, ou aquelas que já tinham assistido ou já lançavam suas opiniões, e assim colocavam suas impressões primeiras e breves no Twitter. Os comentários foram linkados pelo editor, que convidou Erick Felinto e Ivana Bentes para escreverem um breve ensaio, mais longo que os caracteres sobre o Avatar, dentro de um tema previamente sugerido pelo editor aos autores. Então, surgiu este ensaio que reflete um pouco sobre o filme; um ensaio que segue a ideia de ser um livro de reflexão entre um tema contemporâneo, e de poder trazer aos leitores uma extensão daquilo que os autores estavam pensando no momento sobre o filme.

Os dois ensaios apresentados neste livro se defrontam, a partir de perspectivas e olhares diversos, com a sedução dos novos prazeres digitais e dos mundos cibernéticos. Mas não se trata, de modo algum, de denunciar os possíveis perigos da civilização tecnológica e buscar medidas profiláticas para salvar uma humanidade ameaçada de converter-se em máquina. Conjugando reflexões sobre as profundas transformações atravessadas pelo cinema na contemporaneidade com diagnósticos a respeito das mutações culturais em curso, o que esses textos objetivam é oferecer sugestões criativas e enriquecedoras para se lidar com o presente.

Erick Felinto é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UERJ e pesquisador do CNPq. É autor de diversos livros e artigos sobre Teoria da Comunicação, Cibercultura e Cinema.

Ivana Bentes é professora e pesquisadora da linha de Tecnologias da Comunicação e Estéticas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRJ, pesquisadora do CNPq e coordenadora do Pontão de Cultura Digital da ECO/UFRJ.

Apresentação

No mês de abril de 2010, o cineasta James Cameron e a atriz Sigourney Weaver estiveram no Brasil para participar de protesto contra a construção de uma usina hidrelétrica em Belo Monte, no Pará. A notícia foi largamente divulgada em todos os grandes jornais do pais. Aproveitando o estrondoso sucesso de seu blockbuster ecológico Avatar, Cameron juntou-se aos índios que protestavam em Brasília, e afirmou que preservar a vegetação amazônica era de interesse internacional. Cameron quer a intervenção de Washington, de modo a evitar uma tragédia ecológica nos moldes daquela fantasiada em seu filme – no qual a população indígena do planeta Pandora é dizimada em função dos interesses de uma companhia de mineração. Apesar de reencenar uma antiga e desgastada discussão sobre a soberania nacional e o intervencionismo norte-americano, a notícia me pareceu também propiciar ocasião para outro tipo de debate de interesse especial para os estudiosos da comunicação. Era como se a ficção tivesse transbordado das telas de cinema para invadir o cotidiano que, por sua vez, já não parece há muito tempo existir em outra forma que a midiatizada.

Havia, de fato, algo de extremamente teatral no acontecimento. Porém, mais que isso, materializava-se a percepção de que os territórios da mídia e da “realidade” tinham convergido de forma inquestionável. Se o mundo parece perder substância face a seus processo de midiatização, talvez isso se deva precisamente a uma situação cultural em que a mídia atingiu o ápice de seu poder. Ela chegou ao ponto de poder prescindir inteiramente do suporte da realidade e, desse modo, caracterizar-se como eminentemente tautológica. Hoje, o grande tema de discussão das mídias são elas próprias.

A internet fala da internet, a televisão fala da televisão, o cinema fala do cinema. O incrível êxito de Avatar, que reuniu legiões de fãs numa admiração incondicional pelo belo e irreal mundo de Pandora, tornou-se emblema dessa supremacia absoluta da mídia. Para muitos desses fãs, a escolha entre continuar existindo na realidade ou construir morada nas florestas coloridas de Pandora é evidente. Diferentemente do protagonista de outro grande hit hollywoodiano, a maioria deles optaria por tomar a pílula azul. Enquanto Neo escolhe, em Matrix (1999), retornar às impurezas e imperfeições do mundo pós-apocalíptico, os fãs hard-core de Avatar elegem transportar-se para o belo e anti-séptico universo da simulação digital, dos corpos virtuais, das imagens eletrônicas.

Os dois ensaios apresentados neste livro se defrontam, a partir de perspectivas e olhares diversos, com a sedução dos novos prazeres digitais e dos mundos cibernéticos. Mas não se trata, de modo algum, de denunciar os possíveis perigos da civilização tecnológica e buscar medidas profiláticas para salvar uma humanidade ameaçada de converter-se em máquina. Conjugando reflexões sobre as profundas transformações atravessadas pelo cinema na contemporaneidade com diagnósticos a respeito das mutações culturais em curso, o que esses textos objetivam é oferecer sugestões criativas e enriquecedoras para se lidar com o presente.

Neste contexto, parafraseando o conhecido ensaio de Heidegger sobre a questão da técnica, talvez pudéssemos dizer: “lá, onde está o perigo, também cresce a salvação”[1]. Se por um lado não se pode fechar os olhos aos riscos que assumimos em nossa cultura cada vez mais tecnológica e espetacularizada, também não parece sensato negar os rumos do tempo e buscar um retorno a idílicos passados.

As incríveis potencialidades das tecnologias digitais e do universo midiático em que vivemos mal começaram a ser exploradas. Nesse sentido, há muito que fenômenos como Avatar podem nos dizer a respeito dos futuros que escolheremos para trilhar. Os dois trabalhos aqui reunidos buscam, portanto, abrir-se para um devir carregado de promessas e possibilidades. Talvez tenhamos temperado o necessário olhar crítico do investigador com a curiosidade típica da infância, e, como crianças, sentamo-nos diante das telas também para nos maravilharmos. E a admiração, já se disse, é o princípio da filosofia.

Capa: Eduardo Miotto

Coleção Linkar

Nº de páginas: 119

ISBN: 978-85-205-0563-2

Preço de Capa: R$ 25,00

Departamento editorial e divulgação: (51) 3019.2102

Editora Meridional/Sulina
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